Artigo publicado no jornal Tribuna de Minas deste domingo, 29/08/2010
Pesquisa do IBGE divulgada na última sexta aponta a obesidade como uma epidemia no Brasil. Entre crianças, a situação é alarmante: em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos (33,5%) estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A pesquisa revela, ainda, um crescimento vertiginoso nos índices de excesso de peso ao longo dos últimos 34 anos: em 1975, eram apenas 10,9% dos meninos que tinham excesso de peso, contra 34,8% em 2009. Em toda a população, metade dos brasileiros está acima do peso ideal, e a estimativa é de que em dez anos o excesso de peso atinja dois em cada três brasileiros.
O excesso de peso e a obesidade são fatores que ameaçam, de fato, a saúde das crianças. Na minha experiência como pediatra, nos últimos 25 anos, tenho atendido a muitas crianças com pressão alta, nível de triglicérides alto e outras alterações com origem na má alimentação. Não raro, mães se queixam da dificuldade de assegurar uma boa alimentação para seus filhos, em função da oferta indiscriminada de alimentos calóricos e gordurosos nas cantinas dos colégios.
De fato, podemos observar que as opções oferecidas a crianças e jovens nas escolas que têm comércio de alimentos em cantinas, lanchonetes ou similares deixam muito a desejar. É visível que entre os alimentos colocados à venda - e consumidos - predominam frituras, salgados, pipocas, massas, biscoitos recheados, refrigerantes, gomas de marcar, balas etc., e é sabido que estes não são recomendáveis para uma boa alimentação.
Ora, a escola, há muito, ocupa na nossa sociedade um importante lugar de formação de seres humanos, no sentido mais amplo da expressão. Dessa forma, a educação alimentar tem papel fundamental no desenvolvimento de crianças saudáveis, com hábitos alimentares compatíveis com as necessidades nutricionais de cada um, evitando o desencadeamento de muitos males à saúde.
As necessidades nutricionais devem ser suficientes para a recomposição da perda metabólica diária e para garantir o crescimento adequado. Precisamos, portanto, evitar o uso frequente de alimentos isentos de valor nutricional. O foco deve estar no consumo diário e variado de frutas, verduras e legumes, que são fontes de calorias, minerais, vitaminas hidrossolúveis e fibras. Especialmente na fase de desenvolvimento e crescimento, o consumo irrestrito de gorduras saturadas e trans propicia o surgimento de aterosclerose e doença coronariana na vida adulta. É importante controlar também a ingestão de sal para prevenção de hipertensão arterial e garantir o consumo adequado de cálcio para a formação da massa óssea, evitando a osteoporose na vida adulta.
Portanto, para mudar os alarmantes números mostrados acima, é preciso dar o primeiro passo: oferecer no ambiente escolar apenas alimentos saudáveis, incentivar seu consumo e conscientizar sobre seus benefícios.
Médico Pediatra e vereador (PDT)
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